Pandemia. De uma virada de ano, para uma virada de vida. Quando 2019 se aproximava do final, mal sabíamos o que nos esperava naquela virada para o ano de dígitos repetidos. Ainda em dezembro, o coronavírus começava a dar seus sinais, mas foi somente no primeiro trimestre de 2020 que se declararia o cenário de pandemia e seus impactos chegariam ao Brasil.

Na ânsia por prevenção nos isolamos, não apenas daqueles com quem convivemos, mas de tudo aquilo que costumávamos conhecer como normal. Tentar antever o cenário pós-pandemia é um exercício de tentativa e erro, principalmente porque estamos falando do desconhecido. No entanto, se mostrou urgente repensar. Repensar nossa forma de fazer quase tudo, nossos hábitos, nosso trabalho, nossas interações. E assim nasceu o maior clichê do ano: o novo normal.

Organizado pelo Instituto Ciência e Fé e pela PUCPRESS, Fragmentos de uma pandemia é o resultado de uma curadoria de entrevistas com intelectuais nacionais e internacionais durante o primeiro semestre de 2020, em plena ascensão dos casos de coronavírus no Brasil. Tendo superado a marca de um ano nesse cenário e fazendo milhões de vítimas pelo mundo afora, ainda não é possível falar de normalização. Mas ainda assim o clichê – o novo normal – já implica novos modos de ser; uma reinvenção da nossa relação conosco mesmos, com o outro e com o mundo.

Junto aos intelectuais entrevistados, mais do que a tentativa de prever o futuro, o objetivo deste livro é diagnosticar o presente que muda a cada semana. “Temos consciência de que nenhuma ação responsável e transformadora poderá ser realizada sem compreendermos os cenários complexos e delicados que estamos enfrentando. E parece unânime entre nossos convidados, com certa dose incômoda de realidade, de que se não ressignificarmos a visão ocidental de ‘progresso’, estamos colocando o nosso futuro em risco” (Fabiano Incerti e Douglas Borges Candido).

Fragmentos de uma pandemia vai além dos efeitos do coronavírus, fala sobre as “doenças” que acometeram nossa sociedade em pleno cenário de desespero: do esgotamento de itens básicos no supermercado ao superfaturamento do essencial, oxigênio.