Trinta anos representam muita coisa no panorama cultural. Mudam os hábitos, mudam os cenários, mudam as tecnologias e, como não poderia ser diferente, mudam as perspectivas. Na produção literária, os últimos 30 anos foram marcados por novos rumos, práticas e discussões. Alcançamos a era dos games, dos e-books, da leitura em tela, de muitos livros em apenas um dispositivo, da dúvida entre o cheiro de um livro novo ou a biblioteca embaixo do braço. O que dizer então sobre a literatura infanto-juvenil e seus impactos ao longo da vida?

Com uma trajetória de grandes contribuições à produção literária, Marisa Lajolo e Regina Zilberman recolocam neste livro olhares e dimensões críticas sobre a literatura infanto-juvenil brasileira dos últimos trinta anos. Com sólida e madura reflexão na qual a dialética marca presença, as autoras formulam aqui uma análise abrangente e veem nas profundas alterações sofridas pelo panorama cultural nas últimas décadas a necessidade de aproximar suas produções anteriores de um diálogo sobre os modos de produção, fruição e suporte no âmbito dessa dissimulada contemporaneidade em que vivemos.

Ao conceber a literatura como um sistema por meio do qual obras, autores e públicos interagem a partir de condições sociais que diferentes momentos históricos proporcionam, as autoras reconhecem o quanto a literatura infantil e juvenil é sensível ao novo contexto cultural do país. Assim, Literatura infantil brasileira: uma nova / outra história, propõe um conjunto de reflexões sobre o gênero da literatura infantil e juvenil, com foco em uma perspectiva que enriquece o conhecimento, a discussão e a fruição da literatura infantil e juvenil brasileira dos últimos trinta anos.

“Em um país moldado pela tradição que exclui da cidadania a chave de todos os direitos, que é o direito à leitura, e onde ainda se confunde o imprescindível ato da política pública de comprar e distribuir livros como solução única para formar leitores, este pequeno grande livro de Marisa e Regina é um alento. E uma contribuição importante ao apresentar a complexidade dos problemas ao mesmo tempo em que nos fortalece para compreendê-los e superá-los.” (José Castilho Marques Neto)